Nestes dias em que a situação de crise nas suas diversas dimensões nos desafia à Esperança, a Ação Católica Rural congregou os seus Grupos de cristãos da Região Pastoral do Oeste em assembleia diocesana, no passado mês de julho, para repensar, juntos, a sociedade actual.
Perante uma sociedade que se deixou manipular pelo consumismo e pelo individualismo ganancioso, renegando os valores da família e da comunidade, confundindo liberdade e democracia com libertinagem e escravidão, entregando-se à corrupção e à falta de solidariedade, promovendo o desemprego e a precariedade no trabalho, aumentando as injustiças e desigualdades sociais… e ao celebrarmos os 50 anos do Concílio Vaticano II e os 15 anos do Congresso de Cristãos do Oeste e o Ano da Fé, o Conselho Diocesano da ACR/Ação Católica Rural, reunido, no dia 22 de julho deste ano 2012, na Casa do Oeste , em Revisão de Vida, propõe, aos membros dos seus grupos e a todos os cristãos de boa vontade, que com eles colaboram, que suscitem um dinamismo renovador e fomentem, no Povo de Deus, novas formas de participação e empenho missionário ou apostólico nas suas comunidades.
O Espírito faz-nos descobrir, cada vez com mais clareza, que não se pode ser cristão sem o compromisso com a justiça e sem a solidariedade para com os pobres e excluídos.
Somos chamados a dar testemunho do Evangelho no mundo da família, da escola, do trabalho, da comunidade local, da comunicação social, da saúde e da cultura, etc … Sempre, e hoje mais do que nunca, a tarefa dos cristãos é de impregnar estas realidades com o Espírito de Cristo e colaborar na realização do Reino de Deus, dialogando com todos os homens e transformando o mundo numa civilização do amor.
Eis alguns desafios a concretizar:
- a reeducação dos valores, especialmente na família, exercendo uma nova maneira de formar homens e mulheres, educando para a justiça, o que exige a renovação do coração;
- educar para uma correta utilização dos meios da comunicação social;
- na dimensão do trabalho, fundamental da vida humana, levar a economia e a finança a estar ao serviço das pessoas, respeitando a dignidade humana, envolvendo solidariamente os empresários e os trabalhadores, com responsabilidades justa e equitativamente repartidas;
- continuar a trabalhar pelo desenvolvimento solidário, por uma nova consciência social em que tenham expressão o voluntariado e a cultura da gratuitidade…
Olhando para o que se fez vivificados pelo Espírito e para estes desafios atrás referidos, percebem-se sinais de esperança, tais como, por exemplo: a valorização do trabalho agrícola, com novas iniciativas e experiências inovadoras; um novo espírito de poupança e reutilização de bens e recursos naturais; uma melhoria no nível da escolaridade em geral; também surgem cada vez mais pessoas capazes de dar a volta à vida profissional ou que apontam para a valorização da pessoa humana e de espaços de convívio social: ousadias de criar o futuro, como foi João XXIII com o Concílio Vaticano II e como foi a agricultura biológica e são a defesa do ambiente e as energias alternativas, os diversos grupos e movimentos de voluntariado, em que muitos de nós estamos envolvidos e empenhados…
O que nos propomos fazer, à luz do Concílio Vaticano II:
- promover iniciativas diversas de estudo e divulgação dos ensinamentos do Concílio: nas reuniões de grupo, com cursos ou sessões de esclarecimento, com divulgação de publicações ou documentos…
- elaborar documentação prática (literária e visual) de conteúdos para apoiar Grupos no conhecimento do Concílio e ajudem a responder a questões da realidade actual, usando a metodologia – ver . julgar . agir – consagrada pelo Concílio…
- celebrar uma Festa do Concílio, na Casa do Oeste, no dia 12 de maio de 2013.
Conclusão: é urgente uma mudança radical nas pessoas, nos seus comportamentos, nos mecanismos sociais e económicos.
A coerência entre a fé e a vida deve acompanhar o compromisso dos cristãos no setor público, pela sua participação nas instituições políticas e sociais, promovendo a justiça social e os direitos do homem em todas as fases da vida, a defesa e a recuperação da liberdade.
Os cristãos devem estar na linha da frente por uma nova era de justiça e de paz, pelo desenvolvimento integral solidário, erguendo a chama da fé em Jesus Cristo para que se veja o caminho a seguir.